Nos últimos anos, superar os desafios do varejo se tornou uma missão que exige integrar tecnologia de ponta ao mesmo tempo em que ainda é necessário evoluir temas básicos ligados à gestão: orçamento, eficiência operacional, desenvolvimento de lideranças e por aí vai.

Entretanto, este ano de 2023 ganhou uma complexidade maior, porque alguns acontecimentos econômicos e de mercado trouxeram algumas condições particularmente interessantes para o segundo semestre, que já interferem na execução das estratégias não apenas do setor varejista, mas de todos aqueles que se relacionam com ele.

Senão, vejamos dois pontos. O primeiro é o escândalo contábil da Lojas Americanas e sua recuperação judicial. Apenas do ponto de vista do quadro de funcionários e estrutura física, a empresa começou junho com aproximadamente 5 mil funcionários e 30 lojas a menos. Vale ressaltar que se somadas a outras empresas, como Renner, TaQi, Tok&Stok e Marisa, a quantidade de lojas fechadas ultrapassam mais de 150. Um número assustador e preocupante em um setor que representou 21,6% do PIB do país em 2022, como revela o estudo “O Papel do Varejo na Economia Brasileira”, realizado pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC).

O segundo ponto é o cenário político e econômico brasileiro. O novo governo federal ainda não conseguiu articular as reformas estruturantes (política e fiscal) necessárias para o país crescer de forma sustentável, nem estabeleceu as regras para definição do arcabouço fiscal que baixa o grau de confiança no país. Além disso, de acordo com os dados de maio da Confederação Nacional do Comércio (CNC) 78% das famílias estão endividadas, 29% delas inadimplentes.

Para controlar a inflação, que de acordo com acordo com o boletim Focus de 26/06/2023, o esperado para 2023 é de 5,06%, o Banco Central precisa manter a taxa de juros (Selic) na casa dos 12,25% (também esperado). Uma curiosidade: de acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) o Brasil tem a maior taxa de juros reais do mundo.

O resultado? Com o crédito mais caro e a desconfiança na austeridade econômica do país, o nível de investimento no setor produtivo e a oferta caem. Com as famílias endividadas, e a consequente restrição de crédito, a demanda também e o país (assim como o varejo) estagna. E retornando ao início da conversa: quais os desafios para o varejo nesse segundo semestre de 2023?

Os pilares continuam os mesmos, ou seja, acompanhar os avanços tecnológicos e desenvolver a gestão. Mas a realidade exige alguns pontos de atenção para aproveitar as oportunidades criadas. Com a demanda ainda reprimida, os estoques das indústrias estão em alta. Será tentador fazer compras maiores aproveitando condições melhores comerciais, ainda mais que neste segundo semestre temos o Dia dos Pais, Dia das Crianças, Black Friday e Natal.

Para tanto, prepare sua equipe de vendas (comercial, e-commerce, logística e loja) para que esse momento se transforme numa verdadeira vantagem competitiva, aumentando a rentabilidade, vendas, fluxo e tráfego. Existe mão de obra especializada no varejo disponível no mercado. A curva de aprendizado para essas pessoas é menor que se comparada a quem nunca trabalhou no varejo, mas isso não significa que já estão prontos para sua empresa.

É necessário, sim, ter pronto um processo de recrutamento, seleção, contratação, treinamento e avaliação para que essas pessoas possam entrem em operação com altíssimo nível de eficiência operacional. Dinheiro ainda está caro e o mercado ainda não está aquecido como esperado. Assim, qualquer perda de processo tem impacto maior no resultado.

Indicadores como ruptura, quebras, turnover e perdas não identificadas assumiram um poder ofensor ao resultado maior. Quanto mais eficientes as equipes forem, mais integradas forem as tecnologias aos processos e mais aderente ao planejamento comercial/financeiro a operação for, maior a chance de que os bons resultados apareçam mais rápido, aproveitando todas as oportunidades desse segundo semestre.

Isso sem contar que você, seguindo todos os protocolos, já está preparando seu ano de 2024, para crescer de forma mais consistente e seguramente acima da média. Bons negócios! Esse é o meu desejo e a busca de todo varejista.

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